A Caixa Econômica não divulgou quanto já emprestou aos beneficiário do Auxílio Brasil, entretanto, dados mostram que a demanda vem sendo gigantesca ao longo dos últimos dias. Segundo o banco estatal, apenas nos últimos 10 dias, o aplicativo Caixa Tem teve mais de 206 milhões de acessos. O número divulgado pela Caixa não contempla os pedidos de empréstimo realizados presencialmente nas milhares de agências em todo o país.
“A título de exemplo, entre 11 e 20 de setembro, o banco teve cerca de 25 milhões de acessos ao aplicativo Caixa Tem para solicitação de empréstimos. Já entre 11 e 20 de outubro, período em que a Caixa está operando o empréstimo consignado [do Auxílio Brasil], esse número de acessos no aplicativo saltou para mais de 206 milhões”, destacou o banco em nota divulgada à imprensa.
O Governo Federal acelerou as ações no segundo turno das eleições. A estatal liberou algumas instituições financeiras a fazerem os empréstimos, porém, elas têm um limite de juros a cobrar. O limite de juros mensal nas mensalidades é de 3,5%. Além disso, a parcela mínima a se pagar é de R$ 15, enquanto a parcela máxima é de R$ 160, correspondendo, no máximo, a 40% do benefício.
Contratei o empréstimo e perdi o Auxílio Brasil, e agora?
Ainda há muitas dúvidas em relação ao empréstimo consignado do Auxílio Brasil. Caso você contrate o empréstimo e o seu benefício for cancelado por algum motivo, o empréstimo continuará valendo, sendo obrigatório o pagamento das parcelas de qualquer maneira. Em suma, o empréstimo consignado do Auxílio funciona como qualquer outro empréstimo normal, sendo obrigatório o pagamento das parcelas, não importa qual seja a situação.
O que é empréstimo consignado?
Um empréstimo consignado é uma modalidade de empréstimo onde os valores são descontados diretamente na folha de pagamentos. Com isso, os bancos têm a garantia que as parcelas serão honradas. No Auxílio Brasil, o desconto é realizado diretamente no valor do benefício. A portaria divulgado pelo ministério da cidadania informou que após o empréstimo ser concluído, o governo federal não tem mais nenhuma responsabilidade.
TCU recomenda suspensão do empréstimo junto à Caixa
A Caixa Econômica Federal tem menos de 24 horas para esclarecer detalhes sobre o empréstimo consignado da Caixa via Auxílio Brasil. Aroldo Cedraz, Ministro do Tribunal de Contas da União, determinou que a estatal explique 24 horas nas próximas os detalhes da linha de crédito.
A orientação de Aroldo Cedraz não tem efeito obrigatório. A determinação é que a Caixa envie os documentos nas próximas 24 horas, entretanto, se quiser, pode optar em continuar oferecendo o crédito normalmente. Dessa forma, a suspensão do crédito fica a critério da estatal.
“A contar da ciência deste despacho, previamente à decisão quanto ao deferimento ou não da [medida] cautelar, sem prejuízo de que a Caixa, por prudência, cesse imediatamente a liberação de novos valores a partir de empréstimos nessa modalidade como medida de zelo com o interesse público, até que este Tribunal examine a documentação a ser encaminhada”, disse Cedraz.
Especialistas temem que o Auxílio Brasil aumente o endividamento das famílias
O número gigantesco de brasileiros de baixa renda pedindo o empréstimo consignado deixa os especialistas cautelosos em relação ao endividamento ainda maior das famílias. Recentemente, dados mostram que o Brasil bateu recorde de inadimplência. Por conta disso, há um grande risco de inadimplência, já que muitas famílias vivem uma situação desesperadora, ficando sem muitas opções a não ser pegar um empréstimo com juros muito elevados, podendo comprometer até 40% do benefício.
O governo federal entende que o benefício tem que ser usado para despesas de emergência e inadiáveis. Porém, caso o beneficiário use o dinheiro para qualquer outro motivo, poderá deixar a situação financeira das famílias ainda mais complicada.
De qualquer forma, os bancos são quem mais comemoram. Eles tem garantia de empresar o dinheiro a juros altos, tendo certeza que irá receber o dinheiro de qualquer maneira. Por conta disso, muitos especialistas entendem que, a médio e longo prazo, as instituições bancárias serão muito mais beneficiadas do que as famílias que vivem em situação vulnerável.